30 agosto 2010

Vaticano

                É complicado, porque se eu digo que o Vaticano é indescritível, eu corto qualquer chance minha de contar sobre ele. Mas se eu digo que ele é magnífico, estupendo, maravilhoso, fantástico, eu caio na repetição e num dilema. Tanto porque eu já usei essas palavras pra definir outras coisas, e se eu tornar a usá-las eu estou comparando o Vaticano com os outros lugares que eu fui antes. Então quando eu uso indescritível, entendam como uma figura de linguagem, um exagero muito maior que todos os outros que eu já fiz, certo?
                Não é simplesmente porque eu sou católico. Claro que influencia, mas eu nunca tinha visto alguma coisa assim. O Coliseu, nem o London Eye, nem a catedral de Köln se comparam àquilo. Já tinha visto o domo da basílica de longe, na cidade, mas só quando cheguei perto que vi o tamanho real.
                Saí com o Alejandro meio atrasado, lá pelas 4 e meia, e pegamos um ônibus na estação de trem que tem como destino final a Praça. O japonês do Hostel disse que o ônibus era um euro, mas que ninguém pagava, não precisávamos pagar. Ele não para exatamente na praça, para uma esquina antes da Via Conziliazone. De longe mesmo se vê como é bonito. E ainda o fato de ser fim de tarde, o sol estava quase se escondendo atrás da basílica, dando uma imagem meio que de suspense, foi divertido. Não foi divertido eu estar de calça e camisa de manga, necessários pra entrar em qualquer prédio do Vaticano.
                Parece que eu to exagerando, mas juro que não estou! Cabe um prédio inteirinho desses da Asa Sul dentro da igreja, e ainda sobra. Bastante. Todas as paredes são cheias de detalhes, de nichos com estátuas, enfeites, até o chão é decorado! Tanto detalhe que como eu falei, é indescritível. Bem no centro há como um altar, onde depois eu descobri ser onde estão os restos encontrados de São Pedro. O altar das celebrações maiores é o maior que já vi, com uma pomba feita de vidro um pouco à frente de um buraco na parede, que se ilumina com o sol que se põe. No canto direito cerca de vinte confessionários, pra você escolher a língua em que quer se confessar. No esquerdo, a sacristia, com a lista de todos os Papas já falecidos. Fora as incontáveis pequenas capelas dentro da própria matriz, onde são celebradas missas quase que constantemente em línguas diferentes. E uma capela só para o Santíssimo. Perto da entrada principal, à direita, uma imagem Pietá toda em marfim. Tenho certeza que vou me lembrar de muito mais coisa depois.
                Depois de ficar estupefado com tanta coisa, eu e o Alejandro saímos para ver a tumba dos Papas. Não se pode tirar foto, não entendi o porquê. Todas as tumbas são cheias de esculturas e estátuas, mas a que eu achei mais bonita foi uma branca, simplesinha, quase não saía do chão (quase todas as outras se parecem mesas, saindo do chão), era toda branca, com uma imagem de Nossa Senhora ao fundo e algumas rosas de vidro postas em cima. João Paulo II.
                Depois dessa primeira visita voltamos para o Hostel, pois já estava quase escurecendo, e dormi.
               
No dia seguinte acordei cedo para ir à missa e andar um pouco mais por conta própria por lá. Assisti uma missa em polonês, que parecia que tinha um casal comemorando suas bodas, alguma coisa assim, porque eu não entendi nada e o padre tava sempre virado pra eles. Burro, perdi a missa em inglês na capela do Santíssimo.
O “problema” de uma igreja tão grande é esse, tem tanta missa que ninguém sabe ao certo onde é. O primeiro que eu perguntei me orientou pra uma missa particular, que eu não pude participar, porque seria num lugar muito fechado. O segundo me orientou pra essa missa que eu assisti. Depois eu descobri essa em inglês, que tava cheia, e depois eu descobri ainda que tem tudo escrito na porta da Sacristia, mas que nenhum dos carinhas que estavam trabalhando lá me indicaram.
Depois da missa fui procurar a capela Sistina. Pelo mapa e pela pesquisa no Google, tinha que rodear o muro do Vaticano até encontrar a entrada do Museu do Vaticano, e a capela estaria lá. Já eram nove horas da manhã, e uma caminhada de 10 minutos já tinha me feito suar daquele jeito gostoso. Vi o tamanho da fila e na hora soube que não iria enfrentar aquilo. Fui até a porta e perguntei pro segurança como era à tarde, e ele me disse que depois do meio dia nem existia mais fila. Era tudo gente em excursão.
Na volta pro Hostel, quase tenho que pagar uma multinha. Não é que entram quatro caras uniformizados no ônibus, conferindo o ticket de todo mundo? Eu ainda tava achando que não precisava! A minha (grande) sorte é que o casal do meu lado criou o maior caso, porque mostraram um só ticket pelos dois. Pagaram uma multinha básica de 50 euros. Ficaram conversando e tentando se entender com os fiscais por tanto tempo que a descida dos fiscais chegou e eles simplesmente não me perguntaram, se esqueceram de mim. À tarde eu comprei um pra ida e outro pra volta, feliz.
Aconteceu que lá pelas 3 horas eu caí no sono, e acordei as quatro. Até eu sair, eram quatro e vinte. Até eu chegar lá, cinco. Parei numa lojinha, comprar coisinhas, e quando saí de lá, cinco e meia. Fui usar meu senso de direção, tentar um atalho, e me dei mal, perdi um tempão e quando cheguei à entrada eram cinco pras seis. Claro que já tava fechado, então esse é um passeio que eu vou ter que fazer quando voltar a Roma. Fui então à basílica, esperar pela missa das seis. Não assisti porque cheguei lá seis e dez, e me disseram que a última missa começara as seis. Sem mais o que fazer, voltei pro Hostel.

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