09 setembro 2010

O último post

                O fuso-horário demorou a se acostumar. Sono dez horas da noite, despertar às 7 da manhã, até que eu tava gostando disso! Mas nada que um fim de semana indo dormir de madrugada não resolva.
                Faz dez dias que voltei pra Brasília, e ainda não vi todo mundo que eu queria ver.
               
                Muitos me perguntam como foi a viagem, e minha vontade é ser grosso e responder “lê o blog, porra”. Mas uma das coisas que eu aprendi nessa viagem é que grosserias desnecessárias são desnecessárias mesmo, e o meu lado sociável responde meio que evasivo: “foi bom demais! Não tem como não ter sido, né?” E realmente não tem como... será que as pessoas realmente acham que existia a possibilidade de não ter sido? Então como alguns são espertos, perguntam: “então, o que você mais gostou da viagem?” E quando me perguntam assim, tenho muito gosto em responder.
                A Alemanha. Se fosse pra responder em uma palavra, seria “Alemanha”. Porque aquele país é sensacional. Amo meu país, amo minha cultura, estranho a cultura dos outros. Mas como muitos me sugeriram, fui com a cabeça aberta, e graças a isso tive a oportunidade de enxergar as coisas sob o ponto de vista dos outros e enxergar um pouquinho mais além do que se vê. Quebrei o pré-conceito de que os alemães são pessoas fechadas, sérias e que não brincam. Pelo contrário, são risonhos, simpáticos e adoram uma brincadeira, como a gente, mesmo que em ambiente de trabalho e na relação aluno-professor. Mudei a idéia de que seria um país marcado por uma guerra que aconteceu há 65 anos e que a gente ainda vê resquícios dela por aí. É um país lindo, moderno e ao mesmo tempo antigo, com história que não é apagada para que ninguém se esqueça dos impactos que os atos de poucos podem ter na vida de muitos. E confirmei o gosto que eu tenho pela língua alemã.
                Mas claro, isso foi só o que eu mais gostei na viagem, não significa que seja a única coisa que eu tenha gostado na viagem. Até sinto saudades das amizades que fiz, do clima de diversão que existia entre o grupo, de falar inglês, espanhol e alemão o tempo todo. Quando estava em Aachen, tinha medo do resto da viagem. Nada poderia superar o quanto aquele tempo estava sendo bom. Quando estava em Londres, foi tão bom que não acreditava que em Roma poderia ser melhor. E quando estava em Roma e tive o mesmo pensamento, cheguei à conclusão de que não poderia pensar isso naquele momento, pois era o momento que estava vivendo, e claro que ele pareceria melhor que todo o resto. Hoje, quando vejo de certa forma “de fora”, percebo que todas as três fases da viagem foram ótimas, com suas vantagens e desvantagens, mas que não colocam nenhuma em cima de outra. Cada uma teve suas características, seus pontos fortes e seus momentos que não vou esquecer.
                O curso em si não foi nada do que eu esperava. Esperava uma turma enorme, e não os 9 que se conheciam pelo nome. Esperava uma matéria difícil, e não nada impossível, muito menos matéria de mestrado. No final me saí bem, voltei com o certificado e com o conhecimento de que esse não é minha área favorita na Engenharia Mecânica, de que há outras coisas que me atraem muito mais.
                O que mais valeu na viagem toda, como todos imaginam, é a experiência. Todos imaginam, mas só quem já fez isso sabe o que significa. Ler, ouvir, acompanhar, nada se iguala ao vivenciar. Poderia ficar aqui falando por muito tempo sobre todas as coisas que se aprende, mas não adiantaria de nada. Só posso dizer que se alguém estiver pensando em fazer alguma coisa parecida com o que eu fiz, incentive, da mesma maneira que eu fui incentivado. É uma experiência de vida singular.

                Queria agradecer a todos que acompanharam o blog. Começou como uma idéia para que meus pais soubesses de mim, uma coisa pequena. Quando voltei, pessoas que eu jamais imaginaria me contando que acompanhavam o blog, se divertiam. Fiquei surpreso e feliz, porque me fez me sentir mais querido. Obrigado pelos comentários, pelas mensagens no meu celular, pelos e-mails, pelo carinho, pela recepção no aeroporto, por me acompanharem. Estou sempre dizendo: a solidão durante a viagem foi o mais difícil, mas escrever no blog me levava mais pra perto de casa, e se vocês não estivesses acompanhando, o blog não teria sentido. Então obrigado! =)

                O dia que eu for viajar de novo, quiser contar alguma história legal, “aviagemdomurilo” volta! =)

O vôo pra casa

                Demorei, mas vou contar como foi o finzinho da viagem.
                Acordei em Munique três e meia da manhã. Não dormi direito, acordava todo o tempo durante a noite com medo de perder a hora, e uns caras ainda fizeram barulho no quarto, mas levantei na hora certa. Já tinha deixado tudo arrumado, então foi só juntar tudo e cair na estrada.
                Graças àquela minha precaução, já tinha conferido qual horário do metrô, então não tive nenhum problema. Cheguei ao aeroporto faltando 40 minutos pro embarque, fiz check-in (a sensação de despachar aquelas malas foi maravilhosa) e esperei uns 20 minutos pro embarque.
                Estava com uma sensação de dever cumprido. Tinha planejado tudo, repassado tantas vezes na minha cabeça, que naquela hora, ver tudo certinho, como o planejado, foi gratificante.

                E mais uma vez, minha sorte com vôos. Munique – Lisboa sentado no corredor. Um cara na janelinha e ninguém na poltrona do meio, ou seja: conforto. Lisboa – Brasília, então... tenho que explicar! Era um avião grande, com três fileiras de poltronas, onde as duas perto da janela tinham 2 poltronas, e a fileira do centro, 4. Meu assento era o 18D, e quando percebi que era no meio da fileira do meio me decidi que pediria pra trocar, caso houvesse outro assento vago. O vôo estava meio atrasado o embarque demorou a começar, e quando começou, eu não vi. Quando percebi, havia uma fila quilométrica, mas o que fazer? Entrei na fila e fui embarcar. Procurei meu assento e não havia ninguém ao meu lado ainda. Sentei e esperei. Cada pessoa que se aproximava eu ficava imaginando se se sentaria ao meu lado, mas ninguém sentava, até que pararam de embarcar! Perguntei pra aeromoça se faltava muita gente pra entrar, e ela disse que não, que eu provavelmente ficaria sozinho naquela fileira mesmo. É, eu comecei a gargalhar, não acreditava na minha sorte!
                Mesmo com tanto conforto, o vôo não foi tão bom. Com sono, não conseguia dormir devido ao nervosismo de voltar pra casa, e foram 9 horas vendo filme e jogando joguinhos. E as pessoas perto de mim me olhando com aquela cara de “vou matar esse moleque deitado sozinho nessas quatro poltronas, enquanto eu tenho que sentar do lado desse estranho aqui”.
                Enfim, depois de muita turbulência estava de volta ao Brasil. De volta à secura do planalto central, à desorganização do aeroporto que atrasa na entrega das malas e à má vontade dos agentes alfandegários que não se importavam com a minha vontade de 34 dias de voltar pra casa.

                “Olha lá ele”! Foi a voz do Miguel que eu ouvi primeiro. Adoro meus amigos, e eles adoram me fazer passar uma vergonha. “Me racha a cara de vergonha”, o Vini leu meus pensamentos.
                Meus amigos e amores estavam no aeroporto pra me receber, e eu estava em casa.

30 agosto 2010

Trocando Roma por Munique

                Tinha que fazer check-out do Hostel às onze horas da manhã, mas meu trem só saía às sete da noite. O porta-bagagem da estação de trem era uma porcaria, então eu teria que ficar no Hostel por todo esse tempo, porque se saísse do Hostel, não voltaria, já que as portas se trancam por dentro, e não sairia com as malas porque cada uma deve estar com 20kg.
                Me restou ficar na espelunca, o dia inteiro. Quase fiquei louco. Aquele lugar é muito ruim! Estava sempre sujo, o staff é uma porcaria, é bagunçado, gente demais... Deu pra ter uma idéia, né?
                Fui então pra estação às seis da tarde, depois de jogar todos os joguinhos de internet que consegui achar, e meu trem já estava lá, só esperando.
                Comprei uma passagem com leito, e não poderia ter feito nada melhor. Assim, o quartinho é meio apertado, com seis camas em cada um, três de cada lado, uma em cima da outra. A minha era a de baixo, então coloquei as minhas malas embaixo da cama e comecei a ver um filminho, até que os outros chegassem. E do nada, o trem começou a sair. Eu estava sozinho na cabine!
                Quinze minutos depois aparece uma senhora da equipe pedir minha passagem e meu passaporte, e disse que ia ficar com eles até o fim da viagem (estou orgulhoso do meu alemão funcionando!). Deve ser pra eu não sair antes do meu destino, sei lá.
                Sei que em Bologna, eu já tava dormindo gostoso, aparecem cinco chineses pra ocupar o quarto. Credo, estou ficando traumatizado de chineses. Eles não se incomodam em ficar todos juntos, apertados, de pé, num espaço de 2m², é impressionante! E ainda acomodando as malas nos compartimentos de cima! Imaginei alguém com claustrofobia (cof... Mayla... cof... cof...) saindo batendo em todo mundo, naquele lugarzinho apertado cheio de gente.
                Depois de um tempo dormi de novo, e só acordei com a mesma senhora abrindo a porta e gritando dentro do quarto “50 minutos para chegarmos em Munique”. Um ótimo jeito de se acordar! Se fosse 15, tudo bem, mas 50? Dava pra dormir de novo, duas vezes!
                Não foi o que fiz, mas chegar em Munique foi um conforto, pois já conhecia a cidade, iria ficar no mesmo Hostel da vinda, já sabia como chegar lá e não haveria problemas.
                O problema é que o Check-In só começava às 14 horas e eram 6 e meia. Então o senhor que trabalha a noite, muito educado, me indicou o quarto do depósito de bagagens, onde eu poderia deixar minhas malas até a hora de entrar no quarto. Quando voltei ao saguão, fui agradecer ao senhor e ele me fez sinal para em silêncio, sem comentar com ninguém, ir tomar café da manhã. Ô senhor legal, sério!
                Tomei café e fui ao aeroporto para saber exatamente aonde teria que ir no dia seguinte, pois meu vôo sai as 6 horas da manhã e não vou ter tempo de ficar procurando guichê, essas coisas. Me informei também quanto ao horário de funcionamento do metrô e vai dar tudo certo!
                Fui ao centro da cidade, fiquei andando, vendo tudo ali por perto, almocei e voltei pro Hostel, pra descansar.
                Como já disse, amanhã pego o avião bem cedinho e conseqüentemente não vou ter tempo de postar aqui pra vocês. Então quando voltar pra Brasília posto como foi a viagem de volta e chegar a casa. To nervoso com essa ultima viagem! =)
                Rezem por mim!

Vaticano

                É complicado, porque se eu digo que o Vaticano é indescritível, eu corto qualquer chance minha de contar sobre ele. Mas se eu digo que ele é magnífico, estupendo, maravilhoso, fantástico, eu caio na repetição e num dilema. Tanto porque eu já usei essas palavras pra definir outras coisas, e se eu tornar a usá-las eu estou comparando o Vaticano com os outros lugares que eu fui antes. Então quando eu uso indescritível, entendam como uma figura de linguagem, um exagero muito maior que todos os outros que eu já fiz, certo?
                Não é simplesmente porque eu sou católico. Claro que influencia, mas eu nunca tinha visto alguma coisa assim. O Coliseu, nem o London Eye, nem a catedral de Köln se comparam àquilo. Já tinha visto o domo da basílica de longe, na cidade, mas só quando cheguei perto que vi o tamanho real.
                Saí com o Alejandro meio atrasado, lá pelas 4 e meia, e pegamos um ônibus na estação de trem que tem como destino final a Praça. O japonês do Hostel disse que o ônibus era um euro, mas que ninguém pagava, não precisávamos pagar. Ele não para exatamente na praça, para uma esquina antes da Via Conziliazone. De longe mesmo se vê como é bonito. E ainda o fato de ser fim de tarde, o sol estava quase se escondendo atrás da basílica, dando uma imagem meio que de suspense, foi divertido. Não foi divertido eu estar de calça e camisa de manga, necessários pra entrar em qualquer prédio do Vaticano.
                Parece que eu to exagerando, mas juro que não estou! Cabe um prédio inteirinho desses da Asa Sul dentro da igreja, e ainda sobra. Bastante. Todas as paredes são cheias de detalhes, de nichos com estátuas, enfeites, até o chão é decorado! Tanto detalhe que como eu falei, é indescritível. Bem no centro há como um altar, onde depois eu descobri ser onde estão os restos encontrados de São Pedro. O altar das celebrações maiores é o maior que já vi, com uma pomba feita de vidro um pouco à frente de um buraco na parede, que se ilumina com o sol que se põe. No canto direito cerca de vinte confessionários, pra você escolher a língua em que quer se confessar. No esquerdo, a sacristia, com a lista de todos os Papas já falecidos. Fora as incontáveis pequenas capelas dentro da própria matriz, onde são celebradas missas quase que constantemente em línguas diferentes. E uma capela só para o Santíssimo. Perto da entrada principal, à direita, uma imagem Pietá toda em marfim. Tenho certeza que vou me lembrar de muito mais coisa depois.
                Depois de ficar estupefado com tanta coisa, eu e o Alejandro saímos para ver a tumba dos Papas. Não se pode tirar foto, não entendi o porquê. Todas as tumbas são cheias de esculturas e estátuas, mas a que eu achei mais bonita foi uma branca, simplesinha, quase não saía do chão (quase todas as outras se parecem mesas, saindo do chão), era toda branca, com uma imagem de Nossa Senhora ao fundo e algumas rosas de vidro postas em cima. João Paulo II.
                Depois dessa primeira visita voltamos para o Hostel, pois já estava quase escurecendo, e dormi.
               
No dia seguinte acordei cedo para ir à missa e andar um pouco mais por conta própria por lá. Assisti uma missa em polonês, que parecia que tinha um casal comemorando suas bodas, alguma coisa assim, porque eu não entendi nada e o padre tava sempre virado pra eles. Burro, perdi a missa em inglês na capela do Santíssimo.
O “problema” de uma igreja tão grande é esse, tem tanta missa que ninguém sabe ao certo onde é. O primeiro que eu perguntei me orientou pra uma missa particular, que eu não pude participar, porque seria num lugar muito fechado. O segundo me orientou pra essa missa que eu assisti. Depois eu descobri essa em inglês, que tava cheia, e depois eu descobri ainda que tem tudo escrito na porta da Sacristia, mas que nenhum dos carinhas que estavam trabalhando lá me indicaram.
Depois da missa fui procurar a capela Sistina. Pelo mapa e pela pesquisa no Google, tinha que rodear o muro do Vaticano até encontrar a entrada do Museu do Vaticano, e a capela estaria lá. Já eram nove horas da manhã, e uma caminhada de 10 minutos já tinha me feito suar daquele jeito gostoso. Vi o tamanho da fila e na hora soube que não iria enfrentar aquilo. Fui até a porta e perguntei pro segurança como era à tarde, e ele me disse que depois do meio dia nem existia mais fila. Era tudo gente em excursão.
Na volta pro Hostel, quase tenho que pagar uma multinha. Não é que entram quatro caras uniformizados no ônibus, conferindo o ticket de todo mundo? Eu ainda tava achando que não precisava! A minha (grande) sorte é que o casal do meu lado criou o maior caso, porque mostraram um só ticket pelos dois. Pagaram uma multinha básica de 50 euros. Ficaram conversando e tentando se entender com os fiscais por tanto tempo que a descida dos fiscais chegou e eles simplesmente não me perguntaram, se esqueceram de mim. À tarde eu comprei um pra ida e outro pra volta, feliz.
Aconteceu que lá pelas 3 horas eu caí no sono, e acordei as quatro. Até eu sair, eram quatro e vinte. Até eu chegar lá, cinco. Parei numa lojinha, comprar coisinhas, e quando saí de lá, cinco e meia. Fui usar meu senso de direção, tentar um atalho, e me dei mal, perdi um tempão e quando cheguei à entrada eram cinco pras seis. Claro que já tava fechado, então esse é um passeio que eu vou ter que fazer quando voltar a Roma. Fui então à basílica, esperar pela missa das seis. Não assisti porque cheguei lá seis e dez, e me disseram que a última missa começara as seis. Sem mais o que fazer, voltei pro Hostel.

27 agosto 2010

Roma

                É, faz tempo que não escrevo. Correria, viagem, acaba que não sobra tempo, descansar é prioridade. Então eu ia escrever 3 textos, um pra cada dia, mas pensei que é besteira, só cansa quem tá lendo. Então vou contar de uma vez como tá sendo Roma. =)
                Saí de Londres 7 e 10 da manhã, acordei às 4 e 40. Fui de taxi até o aeroporto, porque é bem longe da cidade, e a viagem não teve nada demais. To me acostumando com a rotina de aeroporto. Mas então eu desembarquei em Roma, fiz a imigração de boa, o cara só falava italiano e eu só inglês, e nos entendemos bem. Peguei a mala e começou o sofrimento, mais uma vez. As malas tão bem pesadas, e não posso reclamar nada, porque fui eu que escolhi assim, então vamos que vamos!
                Perguntei no centro de informações e fui pegar o trem até o Termini, a estação de trem principal de Roma, que pelo mapa ficava do lado do Hostel. Quatorze euros uma passagenzinha, coisa absurda! Viagem de primeira classe e não teve uma alma viva pra conferir o ticket, podia não ter comprado! Desci na estação, e lá fui eu pro castigo, procurar o Hostel. Com aquelas malas todas, é só sair da estação que vem 3 taxistas perguntar se eu queria o serviço. “Via Carlo Alberto, onde fica?”, “Ah, é muito longe, naquele sentido”, “Fica quanto pra me levar lá?”, “25 euros”, “Não tenho esse dinheiro, obrigado”. Realmente não tinha, mas mesmo se tivesse não pagaria, era muito caro. Pelo mapa parecia ser bem certinho. Caminhei na direção que o cara apontou e encontrei outro ponto da mesma estação de trem, com centro de informações. Ganhei um mapa e a localização do Hostel, e adivinha? Era do lado! 25 euros, pf... até parece!
                Caminhei na direção da rua e encontrei, Via Carlo Alberto, 24. Toquei a campanhia, subi os dois andares de escada (nesse ponto eu já tava suando de pingar, com minha camisa e calça jeans no calor de 34° de Roma) e cheguei ao Walter Rooms. Aí o cara me pergunta: “Cadê os outros?” “Que outros?” “Você está sozinho? Eu estou esperando um grupo de cinco! Vai até esse lugar aqui e faz o check in lá”. Tudo bem, o lugar não era longe, mas pô, o endereço era aquele. Tudo bem, desci as escadas, era no mesmo prédio, mas na rua de trás. Fiz o check-in, o cara meio mal-humorado, e eu: “Então, em que quarto eu vou ficar?” “Ah, o Fulano vai te levar lá”. Nem era na mesma entrada! Era no mesmo prédio, mesma rua, mas uns 100 metros de distância. Exercício de paciência, exercício de paciência...
                Sinceramente? O quarto à primeira impressão é péssimo, meio espremido, muita gente no mesmo quarto... mas depois se acostuma, da pra viver! Não recomendo pra ninguém não, mas chega um ponto, depois de tanto trocar de quarto nessa viagem, que a gente aceita qualquer coisa ter onde dormir sossegado. Tem um armário onde cabem minhas coisas em segurança, uma cozinha onde posso fazer minha comida, geladeira onde posso colocar minha comida, banheiro dentro do quarto e internet de graça!
                Me instalei e saí pra caminhar, procurar o que comer. Peguei um mapa no quarto que tem os principais prédios em evidência e saí pra andar por aí e comer. Achei um McDonald’s não muito longe dali, e almocei lá mesmo. Circulei no mapa os pontos por perto que pareciam mais interessantes, tracei minha rota e continuei caminhando. Passei por lugares muito bacanas, e Roma é assim: uma cidade que aparentemente não tem nada demais, aí você cruza com uma esquina e se depara com um prédio enorme, com estátuas gigantes que estão ali desde o início da civilização, só. A história por trás daquelas construções parece escrita nas paredes delas. Passei por um lugar chamado Trinità dei Monti, onde da pra se ver a cidade inteira, com o Vaticano ao fundo, é maravilhoso. Desci na direção de uma fonte muito bonita, cheia de gente e parece que tem alguma história particular por trás, devido à concentração de pessoas. Andar por aí na rua sozinho é bom, posso parar e ficar onde eu quiser pelo tempo que eu quiser, fazer o que eu quiser, comer aonde e quando eu quiser, mas o ruim é que não se sabe a história por trás das coisas. Ter um guia nessas horas seria bem melhor.
                Voltei ao Hostel, tomei um banho e encontrei umas almas vivas. Um cara da Venezuela chamado Alejandro que não agüenta mais a Lady Gaga e um argentino muito gente boa chamado Javier. Conversamos um pouco, e combinamos de sair à noite, comer alguma coisa. Conversei com família em casa, e quando era hora de sair, os caras aqui estavam dormindo. Lanchei por conta própria e fiquei a toa, fazendo nada. A noite apareceu mais gente aqui no Hostel e todo mundo ficou conversando, foi legal.
                O bom de Hostels é isso. A gente vê alguém e vai falar oi, perguntar o nome, conhecer a pessoa. Por mais que eu esteja sozinho, não se passou um dia em que eu não conhecesse alguém diferente, sempre tem com quem conversar.
               
                No dia seguinte levantei por volta das nove, tomei café da manhã e saí num sentido diferente do dia anterior. Andei até uma e pouco da tarde, e a bateria da câmera acabou. Pensei: “Não vou voltar aqui só para tirar fotos mais tarde, então vou para o Hostel, recarrego a bateria, almoço, descanso e mais tarde continuo o passeio”. Passei no mercado, comprei uma pizza, cheguei ao Hostel e lá estavam Alejandro e Javier, almoçando. Aí eles fizeram um convite que não tive como recusar. “Vamos à praia?” Eu já tinha pensado nisso, tinha vontade, mas sozinho não iria, e a oportunidade era muito boa, podia terminar o passeio outro dia, tenho um livre. “Ah, vamos. Agora?” “Em uma hora”. Deu pra almoçar, e não descansar.
                Um euro pra ir, outro pra voltar, de metrô. Óstia é outra cidade, a pouco mais de uma hora de metrô, saindo da estação Termini. Pra ser sincero, o passeio nem foi lá essas coisas. Ir à praia cansa, é esquisito! Não andei muito, só fiquei sentado na areia, dei um mergulho de 2 minutos no mar, só pra dizer que entrei no Mar Mediterrâneo, e voltei exausto! Deve ser o Sol. Tá quente demais, não tem explicação.
                Voltamos era quase sete e meia, e ninguém tinha ânimo pra encontrar o povo de ontem. Tínhamos combinado de encontrar o pessoal que estava no Hostel na noite anterior na fonte famosona lá esse horário, parece que tem uns efeitos com luz muito bonitos lá, mas não fomos. Eu mesmo comi, tomei banho, liguei pra casa e capotei.
                Dormi cedo porque ia começar uma nova tática. Cansei de ficar estatelando e suando no sol, não tem necessidade. Então no dia seguinte iria acordar o mais cedo o possível, sair cedo, e voltar ao Hostel por volta das 11. Almoçar, descansar, dormir um pouco e sair de novo lá pelas 16, quando o sol já está mais baixo. Não tem sentido ficar se queimando no sol à toa!

                Acordei então eram 7 e meia da manhã, tomei café no meu ritmo de “acordei cedo”, dei uma arrumada nas coisas e quando saí pra caminhar de novo, eram 8 e quarenta. Quando eu voltei e mostrei pro povo aonde tinha ido, eles ficavam espantados, pois eram 11 horas. É, eu fui longe e caminhei bastante. Fui à região do coliseu, tudo ali em volta.
                Tava na fila pra entrar no coliseu, mas desisti no meio do caminho. No começo da fila, um aviso dizia que é 4 euros pra entrar no museu, e quando vai chegando perto, outro dizendo que é 12! Não, to afim de pagar tudo isso não, já vi por fora. Sei que por dentro deve ser impressionante, mas já tava cansado também, e posso ver as fotos de lá de dentro na internet quando eu quiser!
                Voltei pro Hostel, e aqui estou descansando, pra seguir a nova estratégia e sair às 16, de novo. Então eu vou pro Vaticano, a parte mais esperada! Depois eu conto como foi! =)

25 agosto 2010

Sobre as fotos - Definitivo

É galera, cheguei a uma conclusão. Não vou colocar fotos aqui no blog. Dá muito trabalho. Quando chegar eu faço uma dessas páginas em que se publica as fotos só pra quem você autoriza, então quem quiser é só me pedir que eu libero. Quando eu chegar. =)

Ultimo dia de Londres






Cansados, claro, acordamos tarde. Pegamos um metro e fomos ate um ponto mais distante da cidade, a "Londres rica", como diz o Henrique. Loja da Lamborghini, Harrolds, essas coisas bobas. Museu de Historia Natural, palacio de Buckingham e estadio do Chelsea, todos coisas enormes, muito bonito.
Entao cansados, voltamos pra casa. Sabe que o Henrique sabe cozinhar? Risoto de presunto e bacon, uma delicia.
E depois, dormir, porque amanha e dia de acordar de madrugada pra ir pro aeroporto, voar pra Roma.