O fuso-horário demorou a se acostumar. Sono dez horas da noite, despertar às 7 da manhã, até que eu tava gostando disso! Mas nada que um fim de semana indo dormir de madrugada não resolva.
Faz dez dias que voltei pra Brasília, e ainda não vi todo mundo que eu queria ver.
Muitos me perguntam como foi a viagem, e minha vontade é ser grosso e responder “lê o blog, porra”. Mas uma das coisas que eu aprendi nessa viagem é que grosserias desnecessárias são desnecessárias mesmo, e o meu lado sociável responde meio que evasivo: “foi bom demais! Não tem como não ter sido, né?” E realmente não tem como... será que as pessoas realmente acham que existia a possibilidade de não ter sido? Então como alguns são espertos, perguntam: “então, o que você mais gostou da viagem?” E quando me perguntam assim, tenho muito gosto em responder.
A Alemanha. Se fosse pra responder em uma palavra, seria “Alemanha”. Porque aquele país é sensacional. Amo meu país, amo minha cultura, estranho a cultura dos outros. Mas como muitos me sugeriram, fui com a cabeça aberta, e graças a isso tive a oportunidade de enxergar as coisas sob o ponto de vista dos outros e enxergar um pouquinho mais além do que se vê. Quebrei o pré-conceito de que os alemães são pessoas fechadas, sérias e que não brincam. Pelo contrário, são risonhos, simpáticos e adoram uma brincadeira, como a gente, mesmo que em ambiente de trabalho e na relação aluno-professor. Mudei a idéia de que seria um país marcado por uma guerra que aconteceu há 65 anos e que a gente ainda vê resquícios dela por aí. É um país lindo, moderno e ao mesmo tempo antigo, com história que não é apagada para que ninguém se esqueça dos impactos que os atos de poucos podem ter na vida de muitos. E confirmei o gosto que eu tenho pela língua alemã.
Mas claro, isso foi só o que eu mais gostei na viagem, não significa que seja a única coisa que eu tenha gostado na viagem. Até sinto saudades das amizades que fiz, do clima de diversão que existia entre o grupo, de falar inglês, espanhol e alemão o tempo todo. Quando estava em Aachen, tinha medo do resto da viagem. Nada poderia superar o quanto aquele tempo estava sendo bom. Quando estava em Londres, foi tão bom que não acreditava que em Roma poderia ser melhor. E quando estava em Roma e tive o mesmo pensamento, cheguei à conclusão de que não poderia pensar isso naquele momento, pois era o momento que estava vivendo, e claro que ele pareceria melhor que todo o resto. Hoje, quando vejo de certa forma “de fora”, percebo que todas as três fases da viagem foram ótimas, com suas vantagens e desvantagens, mas que não colocam nenhuma em cima de outra. Cada uma teve suas características, seus pontos fortes e seus momentos que não vou esquecer.
O curso em si não foi nada do que eu esperava. Esperava uma turma enorme, e não os 9 que se conheciam pelo nome. Esperava uma matéria difícil, e não nada impossível, muito menos matéria de mestrado. No final me saí bem, voltei com o certificado e com o conhecimento de que esse não é minha área favorita na Engenharia Mecânica, de que há outras coisas que me atraem muito mais.
O que mais valeu na viagem toda, como todos imaginam, é a experiência. Todos imaginam, mas só quem já fez isso sabe o que significa. Ler, ouvir, acompanhar, nada se iguala ao vivenciar. Poderia ficar aqui falando por muito tempo sobre todas as coisas que se aprende, mas não adiantaria de nada. Só posso dizer que se alguém estiver pensando em fazer alguma coisa parecida com o que eu fiz, incentive, da mesma maneira que eu fui incentivado. É uma experiência de vida singular.
Queria agradecer a todos que acompanharam o blog. Começou como uma idéia para que meus pais soubesses de mim, uma coisa pequena. Quando voltei, pessoas que eu jamais imaginaria me contando que acompanhavam o blog, se divertiam. Fiquei surpreso e feliz, porque me fez me sentir mais querido. Obrigado pelos comentários, pelas mensagens no meu celular, pelos e-mails, pelo carinho, pela recepção no aeroporto, por me acompanharem. Estou sempre dizendo: a solidão durante a viagem foi o mais difícil, mas escrever no blog me levava mais pra perto de casa, e se vocês não estivesses acompanhando, o blog não teria sentido. Então obrigado! =)
O dia que eu for viajar de novo, quiser contar alguma história legal, “aviagemdomurilo” volta! =)